Quando chegou à Casa Branca pela primeira vez， em 2017， Donald Trump usou seu discurso de posse para pintar uma imagem distópica dos Estados Unidos. O país， segundo ele， era um lugar cheio de pobreza e violênciafortune tiger 2， um cenário de fábricas carcomidas pela ferrugem que mais lembravam lápides de um cemitério.

O presidente Donald Trump em seu discurso de posse no Capitólio， sede do Congresso americano - Julia Demaree Nikhinson/REUTERS

Empossado nesta segunda-feira (20) para mais um mandato， desta vez o novo presidente quis se mostrar um homem de ação em seu discurso.

Disse que quer ser "um pacificador"， mas se apresentou pronto para a briga. Na visão do republicano， os Estados Unidos são um país dominado por uma elite que empobrece o povo， cerceia a liberdade de expressão e persegue adversários políticos —ele próprio seria um exemplo disso.

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Oito anos atrás， Trump falou em restauração dos EUA em termos abstratos e só assinou os principais decretos relativos a suas promessas nos dias depois da posse. Mas desta vez ele anunciou uma cascata de medidas concretas.

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São decretos com os quais o republicano promete reverter a tal distopia que tinha diagnosticado em 2017， com ambições deste e de outro mundo. Ele disse que quer fincar a bandeira americana no solo de Marte —isso mesmo， o planeta Marte. Não à toa， o bilionário Elon Musk， dono da SpaceX que assistia a tudo da plateia， abriu um sorriso e aplaudiu.

Mas o novo presidente americano também apresentou ambições mais terrenas. O republicano anunciou um estado de emergência nacional na fronteira dos Estados Unidos com o México e disse que vai enviar tropas para a região —além de declarar os cartéis de drogas como organizações terroristas.

"Vamos mandar milhões de criminosos de volta para o lugar de onde saíram"， afirmou.

Para combater a alta de preços no país —um dos fatores a que analistas atribuem a derrota de Joe Biden—， ele promete diminuir os custos de energia. Como? Decretando um estado de emergência nacional no setor e aumentando a produção de petróleo e gás. Sim， ele diz que vai acabar com o "green new deal" de Biden e os estímulos aos veículos elétricos.

Resumindo: os planos de Trump para tornar os EUA um grande país outra vez envolvem ambições no céu， na terra e debaixo da terra. Se em 2017 ele quis cunhar uma mensagem de otimismo， agora essa mensagem ganha tons messiânicos —"Eu fui salvo por Deus para tornar a América grande outra vez"， disse ele， ao relembrar o atentado que sofreu em julho do ano passado.

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Curioso que Trump tenha dito que seu desejo é ser um "unificador e pacificador". Era justamente o que Joe Biden ambicionava no seu discurso de posse， em 2021， ao conclamar os americanos a verem uns aos outros "não como adversários， mas vizinhos".

Para Biden， os inimigos eram a supremacia branca e o terrorismo doméstico; para Trump， são os imigrantes e países rivais que tentam lesar os EUA. É difícil vislumbrar tal pacificação ao mesmo tempo em que o republicano aposta em pautas tão divisivas， de forma tão contundente. Também no cipoal de medidas que anunciou， por exemplo， está transformar em política de Estado o reconhecimento de só dois gêneros: masculino e feminino.

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Quando chegou à Presidência， Biden chegou a mencionar um "apelo por justiça racial em curso há 400 anos"， num aceno aos eleitores negros， historicamente democratas. Trump， afinal， era o presidente que， em seu primeiro ano de governo， chegou a mostrar simpatia por supremacistas brancos que organizaram uma marcha na cidade de Charlottesville.

O cenário agora é um pouco diferente. Desta vez， foi o republicano a acenar para esse segmento do eleitorado， onde ele teve ganhos relevantes na última eleição.

"Vamos tornar o sonho de Martin Luther King realidade"fortune tiger 2， disse， em referência ao mais famoso discurso de King. Mas também falou que o governo não vai mais fazer "engenharia social" para incluir raça e gênero em "todo aspecto da vida pública e privada".

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